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BALANÇO-2012 – comédias salvam o cinema nacional

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No rescaldo de 2012, as comédias salvaram o cinema nacional de um desastre com um crescimento de apenas 10,3%, o pior índice de ocupação do mercado desde 2009, enquanto a produção estrangeira cresceu 15,8% e o mercado exibidor em 16%, revela trabalho efetuado pelo Informe Filme B. No entanto, os números negativos em 2012 não devem se repetir neste 2013

Observe o quadro acima. Você vai se deparar com o resultado de um dos piores anos da história do Ranking Brasil – o quadro que expõe a coleta de dados semanal dos filmes nacionais em exibição, editado pelo Filme B e semanalmente postado aqui no blog. É o resultado do balanço do cinema brasileiro em 2012 efetuado pelo Informe Filme B – empresa de pesquisa e análise do mercado cinematográfico dirigido pelo cineasta e produtor Paulo Sérgio Almeida e editado pelo crítico Pedro Butcher – revela que um gênero, a comédia, salvou o cinema pátrio de uma temporada simplesmente risível em termos de bilheteria. Com os piores números de ocupação de mercado desde 2009 e um encolhimento de público em quase 14%, 2012 deve servir apenas de estudo e reflexão para que os mesmos erros não venham a ser cometidos.

O impressionante é que, dos filmes que entraram em circuito no primeiro semestre, apenas um, E Aí, Comeu?, de Felipe Joffily (lançado no finalzinho, em 22 de junho, com 512 cópias), conseguiu alcançar a marca de 1 milhão de espectadores, assegurando, ao final do ano, a vice liderança do Ranking com 2.601 milhões em ingressos vendidos. Outra comédia também lançada no primeiro semestre, As Aventuras de Agamenon, o Repórter, de Victor Lopes (6 de janeiro, 225 cópias), chegou perto, com 983.844 mil espectadores, ficando em quinto lugar no Ranking geral. E foi só.

Laura Neiva e Bruno Mazzeo em E AÍ, COMEU? (2012), de Felipe Joffily

Produções de alto investimento e que por isso mesmo dos quais se contava com o poder de seduzir o espectador para assisti-los, fracassaram, para surpresa dos especialistas e analistas do mercado. Xingu (6 de abril, 295 cópias), de Cao Humberger, fechou a bilheteria com 395.856 espectadores; Paraísos Artificiais (4 de maio, 223 cópias), de Marcos Prado, foi visto por apenas 402.329 mil pessoas.

O desastre do primeiro semestre destruiu ainda reputações de aguardados bons de bilheteria, conforme previsão dos especialistas, de filmes como 2 Coelhos (20 de janeiro, 225 cópias), de Afonso Poyart (343.129 mil espectadores), Billi Pig (2 de março, 210 cópias), de José Eduardo Belmonte (262.213 mil), e o documentário Raul – o Início, o Fim e o Meio (23 de março, 34 cópias), de Walter Carvalho, com 167,5 mil espectadores.

No tsunami da ausência de público outros filmes elogiados pela crítica e tidos como sucessos certos, o futebolístico Heleno (30 de março, 56 cópias), de José Eduardo Belmonte (56 cópias, 92.635 mil espectadores), o drama Reis e Ratos, de Mauro Lima (170 cópias, 129.290 mil), o documentário A Música Segundo Tom Jobim (8 cópias, 74.535 mil), de Nelson Pereira dos Santos, e Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca expressaram os grandes fracassos do primeiro semestre.

A MÚSICA SEGUNDO TOM JOBIM (2012), de Nelson Pereira dos Santos

O semestre que salvou

O curioso é que o segundo semestre começou igualzinho ao primeiro. A diferença era, enquanto E aí Comeu?, o pretenso drama sobre sexualidade de Joffily levava tijoladas da crítica, o público ia vê-lo empurrado pelo boca-a-boca. No final de sua temporada, levou 2,6 milhões de espectadores, ficando em segundo lugar geral no Ranking Brasil.

Ao longo do segundo semestre a produção que chegava às telas passava em branco, sendo quase literalmente ignorada pelo público. E aí, apanhadas no vazio das salas nas quais eram exibidas, as aguardadas recuperações da temporada 2012 foram se transformando em pesadelos. 

Na Estrada (On the Road), a produção internacional de Walter Salles, teve público de 286.333 mil; O Diário de Taxi, 207 mil e 393 espectadores; Corações Sujos, de Vicente Amorim, pouco mais de 42 mil; o documentário Tropicália 2012, de Marcelo Machado,festejado como um dos melhores documentários do ano, 75.418 mil; e a ficção científica cearense Área Q, de Gerson Sanginitto, 38.541 mil ingressos vendidos. Outra produção cearense, Mãe e Filha, de Petrus Cariry, foi visto por apenas 602 espectadores.

Vínicius Nascimento e João Miguel em Á BEIRA DO CAMINHO (2012), de Breno Silveira

O pior estava por vir. Tido incondicionalmente por todos como um sucesso certo, À Beira do Caminho, de Breno Silveira viu o público simplesmente ignorá-lo. Ao contabiliar apenas 168 mil e 299 espectadores, os quais lhe deram uma renda ínfima de R$ 1.515,453, foi sentenciado como o maior fracasso comercial do ano. Os analistas encontraram na história triste da relação entre um filho em busca do pai e um pai ignorando uma filha a razão do desastre. Uma injustiça para com o filme nacional mais bonito do ano.

Foi neste cenário de seca de público nos filmes nacionais que, no finalzinho do ano, as comédias começaram a aparecer e em pouco tempo foram gradualmente aumentando o índice da presença nacional no mercado até chegar a 10,3%. E isso foi possível graças a dois filmes, Até que a Sorte nos Separe, dirigido por Roberto Santucci, e Os Penetras, de Andrucha Waddington, lançados entre outubro e novembro. O filme redenção de Breno Silveira, Gonzaga – de Pai Para Filho, fechou o Ranking Brasil dos quatro primeiros filmes que superaram a marca de um milhão de espectadores.

Leandro Hassum e Danielle Winits em ATÉ QUE A SORTE NOS SEPARE (2012), de Roberto Santucci

Até que a Sorte nos Separe conquistou uma plateia de 3 milhões e 432 mil espectadores e, com ela, a liderança do Ranking. Em segundo lugar, E Aí, Comeu?, com 2.601 milhões; Os Penetras, de Andrucha Waddington, com 2.141 milhões; e Gonzaga – de Pai Para Filho, com 1.141 milhão.

Lembrando que Os Penetras teve a sua estreia em novembro, concorrendo com pesos pesados de Hollywood, e De Pernas pro Ar 2 no dia 29 de dezembro, e, por isso, entraram 2013 à dentro e ainda estão em cartaz, ao contrário de Gonzaga, praticamente alijado do circuitão para dar espaço aos blockbusters estrangeiros por ter entrado em circuito em outuro e ter demorado a ser descoberto pelo público. É isso mesmo: lamentável que o público só o tenha prestigiado, graças a recomendação boca-a-boca gerada entre a segunda e a terceira semana em cartaz.

Observe que De Pernas pro Ar 2 já ultrapassou, segundo o Filme B desta semana, 4,1 milhões de ingressos vendidos e Os Penetras a marca de 2,5 milhões de espectadores, conforme eu tinha apontado na matéria publicada no Caderno 3 do Diário do Nordeste desta, terça, 26. Pode ser que eu esteja enganado, mas este é o início de ano mais promissor ao cinema nacional nos últimos 5 anos.

Stephan Necessian, Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch em OS PENETRAS (2012), de Andrucha Waddington

A Paris Filmes, de Márcio Fraccarolli, se apresenta, ao final de 2012, como a grande distribuidora do País ao liderar o Ranking brasileiro com as três produções (Até que a Sorte nos Separe, E Aí, Comeu?, Gonzaga) e ainda ocupar outros postos entre os 10 com De Pernas pro Ar 2, As Aventuras de Agamenon, Totalmente Inocentes e …E a Vida Continua.

O que implicou na queda dos números do cinema brasileiro na análise final do mercado na temporada 2012 foi o fato de apenas 4 filmes conseguirem ultrapassar a barreira de 1 milhão de espectadores – daí o efeito crucial com os 10,3% de market share (ocupação do mercado). A boa notícia é que, com dois filmes bombando logo no início do ano, os números de 2013 devem ser superiores aos do ano passado, pois há, ainda, uma boa cartela de filmes a ser posta em cartaz, já a partir de agora, fevereiro.

Outra boa notícia deu conta de que o mercado nacional (nacionais + filmes estrangeiros), como um todo, teve crescimento positivo, pelo 7º ano consecutivo, em renda, 15,6% (R$ 1,6 bilhão), e o 4º em público – 5%, R$ 148,8 milhões. Houve aumento, também, no número de cinemas, fechado em 8%.

Em 2013 esse aumento deve ser maior: somente em Fortaleza serão inaugurados pelos menos dois novos conjuntos multiplex, no Shopping Parangaba (UCI Ribeiro) e North Shopping Parangaba (Cinépolis).

 

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